Essa obra, baseada no best-seller de Elizabeth Wurtzel, conta a história da própria autora, que está entrando em uma nova e promissora fase, já que está indo estudar jornalismo em Harvard. No entanto, apesar de um início aparentemente “normal” e tranquilo na sua vida universitária, aos poucos a máscara vai caindo e a realidade da doença retoma a cena com mais força que nunca. O cerne do problema de Elizabeth está relacionado à problemática relação que possui com seus pais, os quais não conseguiram manter uma relação saudável após o término do casamento, afetando psicologicamente a filha situada no meio de um fogo cruzado.
Nessa situação não há como escapar, e ela começa mais uma vez a fazer terapia, embora não acredite que isso possa ajudá-la. E por que não acredita? Porque todos que a rodeiam, mesmo que sejam “especialistas”, parecem não conseguir compreendê-la ou não estão determinados o suficiente para isso. É como se tudo que ouvisse de quem tenta ajudá-la não passasse de uma repetição interminável de clichês que o seu cérebro já está cansado de escutar.
Por outro lado, nem ela própria consegue se compreender e/ou ajudar as pessoas próximas a entendê-la. Aliás, esse é um traço típico de quem possui depressão (e outras doenças psicológicas), qual seja, a dificuldade de não conseguir compreender o porquê daquilo está acontecendo, já que ninguém quer passar por tanta dor e sofrimento, e ainda por cima, não saber claramente como encontrar uma saída.
A maior parte das pessoas, ao lidarem com situações como a do filme, sentem-se inconformadas, chateadas, cansadas e por vezes até esbravejam por não conseguirem encontrar a raiz do problema e maneiras de solucioná-lo de fato. Evidentemente, estar ao lado de alguém que se encontra com a mente enferma não é fácil, por mais que a pessoa esteja realmente empenhada em ajudar. Escutar aquele “famoso” – “Não sei porque está assim” – é algo desolador para o coração de quem se vê envolvido na tempestade. Mas, o que muitas vezes é difícil de compreender, é que para quem está bem no centro da tempestade, leia-se, a pessoa com a doença, tudo que sentimos ainda é pouco para o que elas sentem.
Ou seja, para quem está sentindo na pele é muito mais complicado não conseguir entender o real motivo daquilo tudo: da falta de ânimo para viver, da falta de vontade para levantar da cama, da incapacidade de sorrir, do aperto no peito, da insônia sem fim e de tantas outras coisas que são impossíveis mensurar. Como a depressão vem emaranhada em tantas coisas, é impossível identificar apenas um problema e encontrar uma simples solução.
Sendo assim, a história de Elizabeth é a história da Geração Prozac, dos Estados Unidos da Depressão, porque ela demonstra com clareza o que é estar doente, com a mente doente, com a alma doente; sem saber como encontrar uma saída ou gritar por ajuda. Encontrar um olhar empático nesses momentos é algo extremamente difícil. Um olhar que busque compreender a situação como algo único, sem comparações e clichês, porque cada dor vai afligindo no peito. E mostra também que a medicação, para quem realmente necessita (está doente) e não como fuga para qualquer dor, é algo importante para que, como Elizabeth, se consiga um tempo para respirar.