Frankstein (2025): Entre a criação, humanidade e solidão

Após décadas sonhando em adaptar o romance Frankenstein; ou, O Moderno Prometeu, Guillermo del Toro finalmente apresenta sua versão do clássico de Mary Shelley. Junto com Oscar Isaac, Jacob Elordi, Mia Goth e Christoph Waltz, a obra chega na Netflix com uma visão sobre a criação, humanidade e solidão. Por isso, vamos falar sobre Frankenstein:
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Guillermo Del Toro trouxe a essencia de Frankstein:
Frankenstein é um deslumbre visual nas mãos de Del Toro e sua equipe de produção, mas a verdade é que ninguém teria coragem de não acreditar nisso desde o anúncio do filme. O cineasta mexicano já provou ao longo dos últimos 30 anos que é um mestre nessa forma artesanal de construir histórias, cenários e criaturas. Tudo com uma narrativa única e singular. Após décadas sonhando em adaptar o romance Frankenstein; ou, O Moderno Prometeu, o cineasta finalmente apresenta sua versão do clássico de Mary Shelley. O resultado é uma leitura profundamente autoral, que revisita os temas da obra original com o rigor visual e a melancolia.
Mesmo que a trama não seja uma grande uma novidade, a visão do artista resgata os temas mais marcantes da obra original. Desde dilemas éticos e espirituais, como o desejo de transcender os limites da mortalidade, o medo da rejeição e a solidão do ser consciente. Sem contar que temos um bom ritmo narrativo. A primeira metade se desenvolve lentamente, dedicada a apresentar as motivações de Victor e o ambiente acadêmico que o cerca. Essa escolha, embora coerente com o tom contemplativo do diretor, pode tornar o início excessivamente expositivo. Tanto que senti que alguns momentos não precisavam de uma variedade de profundidade. Mas, na segunda metade, quando a narrativa assume o ponto de vista da criatura, que Frankenstein atinge sua potência emocional.
Jacob Elordi é a estrela do filme:

Se você que Jacob é apenas um galã, o longa prova a versatilidade do ator, entregando uma das atuações mais expressivas de sua carreira. O seu monstro é, ao mesmo tempo, imponente e frágil, um ser que desperta empatia sem abandonar a dimensão trágica de sua existência. E quando aprende sobre a sua realidade, a criatura passa a compreender a extensão de seu isolamento. O ator expressa essa dualidade com gestos sutis e voz contida, destacando-se em cenas que revelam a humanidade que sobrevive mesmo na rejeição.
Agora, Oscar Isaac encarna Victor Frankenstein com intensidade. O personagem oscila entre o idealismo científico e a loucura messiânica, mas sempre em busca de poder e provar o seu “valor”. Além disso, o cineasta o retrata como um homem convencido de estar prestes a alcançar o bem supremo, a vitória sobre a morte, mas cuja arrogância o leva à ruína. Mesmo com uma leve vibe de “cientista louco”, ainda existem camadas profundas que vamos compreendendo a seu respeito. Mia Goth e Christoph Waltz complementam seus personagens, mas não tem exatamente um destaque. O foco é mais fixo em Jacob e Oscar.
Mas, vale a pena assistir Frankenstein?
Com toda a certeza, vale sim. Del Toro declarou há anos que sonhava em fazer “o melhor Frankenstein de todos os tempos”. O seu filme talvez não reinvente o mito e ainda não seja o melhor, mas o reinterpreta com sinceridade e rigor artístico. Entre a fidelidade literária e a experimentação visual, o diretor alcança um equilíbrio raro: o de uma obra que honra a tradição do terror gótico sem abrir mão de questionar o que significa ser humano.




