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É fato que todo grande diretor possui uma assinatura, no momento que possa identificar seu trabalho. Nesse sentido, Tim Burton envereda pela busca de uma doçura triste, com personagens muitas vezes cabisbaixos, seja devido a questões físicas ou por não se adequar aos padrões da sociedade. Bem como foram “Edward Mãos de Tesoura”, “A Noiva-Cadáver”, “Sweeney Todd”,” Ed Wood” e tantos outros.

Diante de tal predileção, é até natural seu interesse na história de “Dumbo” pelas características próprias do personagem. Ou seja, um elefante que nasceu com orelhas enormes, ridicularizado por todos, até demonstrar um talento único. Porém, Burton trouxe algo que é marcante durante o longa: a dinâmica romântica em torno do circo.
Tal postura aparece já na sequência de abertura, com uma lúdica viagem de trem entre cidades onde até mesmo a locomotiva simula um sorriso. A partir disso, o diretor apresenta a grande mudança deste filme em relação à animação clássica. Isto é que a história, desta vez, é contada apenas pelos humanos.

O Grande Circo

Cena do filme “Dumbo”

Por isso, cabe ao dono do circo apresentar a paixão pela lona mesclada aos trambiques necessários para pagar as contas. Além disso, em um misto de picareta adorável tão bem personificado por Danny DeVito. Ele é, sem dúvida, o melhor do elenco! Porém, Colin Farrell que soa como a personificação humana de Dumbo. Um homem sem um braço devido à atuação na Primeira Guerra Mundial,sem esposa e precisando criar duas crianças, ao mesmo tempo em que precisa se realocar na nova situação. Não por acaso, Farrell empresta ao personagem sua conhecida faceta tristonha, tão usada em suas atuações mais preguiçosas.

Porém, Milly e Joe (Nico Parker e Finley Hobbins) tem uma grande importância no longa. Em um mundo fraturado pelas consequências da guerra, cabe às crianças o posto de acreditar no impossível. São eles que cuidam de Dumbo ao ser desprezado e é a eles que o pequeno elefante revela a capacidade de voar. A mensagem de Burton é a capacidade de ver além dos olhos, tão essencial nesta jornada, principalmente vista de um lado infantil.

Questões importantes

Danny DeVito, Finley Hobbins e Colin Farrel em “Dumbo”

Dessa maneira, Burton restabelece a narrativa clássica de Dumbo sob um novo olhar. A separação entre o pequeno elefante e sua mãe está lá, pronta para arrancar lágrimas, assim como o impacto em torno do primeiro voo público, de um arrepio inevitável. Amparado pela excelência dos atuais efeitos especiais, o elefantinho transmite ao público uma ternura cativante, seja através do olhar ou mesmo de seu andar inseguro, típico de um recém-nascido.

Só que Dumbo enfrenta um grande problema, no qual prejudica a essencia do clássico. Isto é, a falta magia. Ao transmitir a narração aos humanos, abdicando por completo dos animais, Burton tirou do filme seu encantamento natural pelo lúdico. O companheirismo existente no ambiente do circo até ameniza um pouco tal perda, porém, com a aparição do Michael Keaton a situação caminha cada vez mais rumo ao burocrático.

Além disso, tem certas decisões estranhas vindas do diretor, como a inserção de uma variante da clássica cena dos elefantes dançando. Na animação, tal situação deslumbra Dumbo após uma bebedeira, justificando o delírio. Aqui, Burton até brinca com um “afaste a bebida dos bebês” para, pouco depois, inseri-la de forma pouco coerente com o tom realista apresentado pelo filme.

Dumbo traz um elefante que voa, mas o apresenta como algo mágico em uma realidade bem pé no chão. Por mais que os elefantes dançando surjam como homenagem, ela soa desnecessária em relação a tudo que os cerca. Incluindo que é bem questionável a existência da personagem de Eva Green. Pois, é muito mais necessária pela mensagem que Burton deseja transmitir acerca da família do que sua participação na história.

Conclusão

Com méritos técnicos incontestáveis, Dumbo é um filme irregular que pode encantar e desencantar ao mesmo tempo. É curioso como Burton se vê em um paradoxo. Pois, é um dos diretores mais criativos da atualidade, porém, raramente consegue ter a liberdade necessária para criar do zero. É uma armadilha que ele mesmo se coloca, ao aceitar tantas refilmagens e adaptações. Além de faltar o encantamento do original, o elenco é vasto e, simplesmente representando estereótipos.

Dumbo ainda está em cartaz nos cinemas brasileiros!

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