Baseado no livro de mesmo nome, YOU (VOCÊ), conta a história de obsessão do jovem Joe pela escritora Guinevere Beck. Essa paixão platônica faz com que o jovem seja capaz de fazer qualquer coisa para ter a jovem aspirante a escritora só para ele. Um thriller psicológico que prende do início ao fim, Você deixa qualquer um com os nervos à flor da pele esperando para saber qual será o próximo passo louco de Joe.
A história é muito bem desenvolvida e organizada. Tirando alguns altos e baixos que acontecem durante os 10 episódios, os diretores Greg Berlanti e Sera Gamble não deixam o ritmo cair. Em cada final de episódio é impossível não apertar o “continuar vendo” porque sempre fica aquele gostinho de mistério do ar.
Os episódios não são longos, porém no início, por conta da contextualização da história, afinal, precisamos entender um pouco da mente de Joe e da rotina de Beck, acaba parecendo que são longos como um filme e relativamente parados. Mas mesmo nesses momentos um tanto quanto monótonos, a dupla de diretores consegue prender a atenção com as jogadas de câmera e cortes impecáveis entre um cena e outra, que dão um ar de mistério nas situações e nos personagens.
Já que estamos falando dos personagens, vamos para um destaque no filme, Penn Badgley. Sabe quando você não consegue definir se a performance de alguém é boa ou ruim? Isso acontece no caso de Penn, que interpreta Joe. Algumas cenas ele é muito bom, mais muito bom interpretando um Joe louco, alucinado, mas que no fundo não se acha louco. Ele conseguiu transmitir bem a imagem de um sociopata que na sua visão está tudo correndo perfeitamente.
Porém, pelo outro lado, quando ele era bonzinho soava tão falso que não sei dizer se era o personagem que queria transmitir isso ou o problema era o ator que não tem empatia. Mas no geral não podemos negar que Penn chamou bastante atenção por sua atuação de sociopata.
Não podemos deixar de falar de Elizabeth Lail, Beck, que também não passa tanta empatia com a sua personagem. Mas eu não sei se é algo da personagem ou da atriz, afinal, gostaria de levar em consideração como é no livro. Mas voltando, Elizabeth conduz bem a personagem Beck nos momentos mais de êxtase e impulsividade. Cara de “coitadinha de mim” não combina muito bem com a personagem, que sem dúvidas, mesmo você não indo com a cara de Joe, vai querer que Beck se ferre bonito por conta de algumas atitudes da moça.
Um destaque muito, mais muito especial, vai para o ator mirim Luca Padovan, que no meio do romance mais loucão de Joe e Beck, vivia uma situação horrorosa dentro de casa e que tinha os livros como refúgio. Luca era Paco, que vivia em com a mãe e o padrasto que a agredia todos os dias quando chegava em casa e o proibia de ler, para ele não ficar muito inteligente. O ator foi exatamente como uma criança inocente que sabe que nada pode fazer para ajudar, mas que sempre estava buscando solução. O mais legal em Paco era como ele achou nos livros um refúgio e até mesmo uma solução para seus problemas dentro de casa.
Mas nem tudo são flores. A série deixa a desejar quando acrescenta algumas cenas ou momentos tão desnecessário nos episódios. Talvez não tanto, mas que não precisaria de um desenrolo tão grande. Outro ponto é que algumas cenas podiam ser mais objetivas, e cansam o excesso de vezes que Joe vai stalkear Beck e começa a pensar consigo mesmo e ficamos olhando para a sua cara de tacho sem uma ação. Pode ser uma característica do livro? Talvez, mas vale lembrar que se eu não posso contextualizar ou apresentar a questão inteira que está escrita nas páginas, é melhor nem começar.
Depois de passar por todos esses aspectos, chegamos no grande final! Ah, o final, o que é o final de VOCÊ? Eu realmente não sei, gostaria muito de ler o livro para saber o que esperar. Não é um final ruim, mas também não choca. Pelo contrário, é bem previsível e até mesmo frio. Mas a última cena é que é o TCHAM da série toda. Você passa se perguntando o que realmente aconteceu no passado de Joe e na última cena ele é jogado na sua cara sem nenhuma explicação. O bom é que deixa uma brecha perfeita para a próxima temporada que já está confirmada. Vale lembrar que o personagem Joe também aparece em Hidden Bodies, outro livro da autora.
Com um enredo interessante que mistura mistério e uma pitada de sacarmo, principalmente do protagonista, VOCÊ é uma das melhores produções de thriller de 2018.