Trazendo uma perspectiva única e sensível, Avenida beira-mar nos relembra a importância da amizade em momentos de mudança. Sendo um dos participantes do Festival do Rio, a obra vem com uma narrativa introspectiva e cheio de aprendizado. Por isso, vou comentar mais sobre Avenida beira-mar:
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A reconstrução do cinema nacional:
O cinema brasileiro é feito de começos/recomeços e construções/reconstruções. Parece que, a cada crise no país, é preciso que a arte renasça das cinzas. Nos últimos anos, a pandemia, os desmontes no Ministério da Cultura e na Ancine dificultaram o que já era difícil fazer no país: cultura. Mas, não estamos falando de um período das trevas “à la Idade Média”, tem muita gente dando a cara a tapa para contar histórias realmente brasileiras: aquelas que transbordam amor apesar dos percalços. E Avenida beira-mar é um dos exemplos sobre isso.
Para quem não sabe, a obra narra a história de uma menina de 13 anos, Rebeca (Milena Pinheiro) que se muda para Piratininga, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e desenvolve uma amizade com Mika (Milena Gerassi) uma garota que desafia normas de gênero. Incluise, Andréa Beltrão também está no elenco e esse é oo longa de estreia de Maju de Paiva e Bernardo Florim.
A importância da amizade e identidade:
De fato, uma das temáticas mais especiais que o filme aborda é amizade das meninas, que é o motor principal da história. Afinal, a relação gera incompreensão dos adultos e causa eventos que perturbam a calmaria do logradouro em frente à orla. Tudo com muita sensibilidade e atenção aos detalhes, desde um gesto simples até falas impactantes. Sendo que esse é o tipo de longa que não precisa de muito para passar a sua mensagem.
Além disso, a pauta de identidade de gênero é outro motor da narrativa. Rebeca nasceu no corpo de uma menina, enquanto Mika luta para ser reconhecida como uma. Mas, a trajetória da personagem mostra o quanto precisamos explorar a diversidade e os desafios enfrentados por jovens em contextos sociais complexos.
Temas complexos em uma direção mais simples:
Tudo isso que foi comentado, anteriormente, vem do trabalhos dos diretores iniciante, Maju de Paiva e Bernardo Florim. A dupla de diretores usaram belas paisagens para que os temas sejam o destaque do projeto. Mas, acima de tudo, o ambiente de “bairro carioca” nos leva para uma identificação própria, como se fosse um lugar que todo mundo conhece.
Incluindo que cada cena veio com a proposta de representar a realidade que passa por nós, mas os sinais do que está acontecendo aparecem e enfatizam o que precisa ser comentado. Ou seja, a vida bate na nossa porta, em algum momento.
Vale a pena assistir Avenida beira-mar?
Entre nascimentos e renascimentos, construções – figurativas e literais com betoneira e tudo – o cinema se mantém forte, e Avenida Beira-Mar é um forte participante dessa jornada. Isso graças à nova geração de artistas comprometidos com a sétima arte e com a cultura, no geral. Acima de tudo, a arte se sustenta em seus alicerces por causa de olhares frescos e sensíveis sobre as histórias que nos movem.