“Coraline e o Mundo Secreto” não só assustou muitas crianças, como também foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Animação em 2010. Baseada na obra de um dos mestres de literatura fantástica, Neil Gaiman, publicado em 2002, o filme chamou a atenção por ser uma adaptação bastante fiel ao livro, principalmente nos diálogos. É claro que sempre existem diferenças, por isso hoje vamos te contar algumas das diferenças entre o livro e sua adaptação em stop-motion, com direção e roteiro de Henry Slick.
Atenção: Caso você não viu o filme ou leu o livro, o texto contém spoilers
Os terriers escoceses das senhoras Spink e Forcible:
Quando, no Outro Mundo, Coraline vai até a “casa-teatro” das senhoras Spink e Forcible, ela se depara com uma plateia formada com os cães das senhoras. Porém, no livro, eles não são só a plateia como também recebem os tickets, falam, interagindo com ela durante o espetáculo, e comem somente bombons de chocolate. Aliás, o nome dos três cães vivos do mundo real são Hamish, Andrew e Jock.
Wyborne:
No filme, Coraline faz amizade com o neto da dona da mansão, Wyborne, porém, esse personagem não existe no livro. Ele foi feito para ajudar a menina a conhecer ao novo local, já que a trama do livro se passa por um longo tempo acompanhando as explorações dela. As adaptações do roteiro foram muito bem feitas para deixar o filme dinâmico e a criação de Wyborne nos ajuda a avançar na história e também explorar a personalidade de alguns personagens. Um exemplo é a cena que “Wybe” mostra o espelho onde os pais de Coraline estão presos. No livro, sem ele, a protagonista leva aproximadamente dois dias para encontrá-los sozinha.
O “Outro Pai”:
Enquanto que no filme, o “Outro Pai” de Coraline a vê pela última vez no jardim que criou para ela, no livro seu último encontro é muito mais assustador e explora o outro apartamento da mansão. Durante a procura pela alma das crianças-fantasma, ela entra no porão e encontra o que costumava ser o “Outro Pai”, mas agora era “uma coisa pálida e inchada como uma larva, as pernas e os braços finos como varas. Quase não havia traços em seu rosto, que se inchara e inflara como massa de pão fermentada”. O cheiro era como vinho azedo e pão embolorado, a coisa que um dia foi seu pai, agora de desfazia e a perseguia. Provavelmente, essa parte foi modificada por ser bem pesada e sentimental, já que Coraline sente pena do que a “Outra Mãe” faz com ele, pois,claramente, não quer atacá-la, mas é obrigado a isso.
O sonho e a mão da Bela Dama:
Uma cena bastante marcante na obra literária ocorre logo após de fugir do “Outro Mundo”. Coraline sonha com as crianças-fantasma que avisam sobre a mão da “Outra Mãe” que está atrás da chave. Por isso, arma uma emboscada para Bela Dama, no qual faz um piquenique com suas bonecas Jemima, Rosinha e Primavera, pegou a chave da porta que estava num cordão em seu pescoço e colocou na toalhinha de papel, junto das xícaras e pratinhos de brinquedo, tudo escondendo perfeitamente o poço. Assim, quando a mão vem decidida pegar a chave, ela cai perfeitamente no fundo poço.
Cenários e elementos:
Mesmo que a adaptação cinematográfica seja fiel, é possível notar as alterações, principalmente com as cores. No livro, os olhos do gato na verdade são verdes, as luvas que Coraline quer na loja de uniformes são verde-limão e não alaranjadas, o casaco do Sr. Bobinski é vermelho e a roupa mais conhecida de Coraline na verdade tem as cores ao contrário: o casaco é azul e as galochas amarelas. A cor da mansão não é mencionada, sendo que tanto o nome quanto a informação da “Mansão Cor-de-rosa” é exclusivo do filme. A porta que no filme é pequena como a de “Alice no País das Maravilhas” e coberta com papel-de-parede, na verdade, é uma grande porta antiga de madeira.
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