Quando foi anunciado, Cruella estava cercado de expectativas negativas, afinal estava vindo na leva de remakes desenvolvidos pela Disney. O longa ainda prometia desmistificar a vilã Cruella De Vil, mesma proposta de Malévola e Malévola 2. A escalação de Emma Stone, que apesar de ótima atriz, foi um pouco duvidosa no início, devido o peso que a personagem representava. No entanto, surpreende e, apoiado no carisma do elenco e na direção de Craig Gillespie, chega como a melhor releitura live-action até agora.
A Vilã e aqueles que complementam seu caminho:
Ao contrário do que esparávamos, Cruella não esconde que sua personagem principal sempre teve uma indicação para a psicopatia. Mesmo que use eventos traumáticos para construir a futura ícone da moda, o longa não tenta usar isso como justificativa para os atos. Desde a infância, a protagonista é geniosa, agressiva e avessa às regras e padrões sociais. Entre problemas na escola e em casa, a garota também mostra sinais de inteligência e criatividade. No qual são postas em prática em seus designs e confecções.
Assim que chega na fase adulta vemos os primeiros passos para a faceta cruel da personagem-título. Emma Stone equilibra Estella, uma ladra e golpista com grande talento com Cruella, a impiedosa e obstinada estilista. Entre as duas personalidades, a atriz interpreta praticamente duas personagens diferentes. Essa dualidade traz uma identidade própria da atriz. Obviamente, sem apagar a atuação emblemática que eternizou Glenn Close no papel em 1996. Incluindo que houve uma química incrível com Joel Fry e Paul Walter Hauser, que vivem Gaspar e Horácio na nova versão. Além da Baronesa de Emma Thompson, que está perfeita, sendo o principal meio para a ascensão da vilã.
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Imperfeições dentro do roteiro:
Embora as atuações mereçam todos os elogios possíveis, o roteiro deixa a desejar em alguns pontos. O script derrapa feio na sub-utilização de Kirby Howell-Baptiste e Mark Strong. Principalmente pelo fato desses papéis não oferecem nada além de breves easter eggs à animação original. A presença da dupla não afeta absolutamente nada na história. Sem contar que público dificilmente sentiria a falta de seus personagens.
Por outro lado, os designs são alguns dos mais ousados e divertidos dessa fase de live-actions da Disney. Criados por Jenny Beavan, os vestidos têm uma estética punk característica dos anos 1970 e ajudam a contar a história de transgressão. Através de instalações provocativas que vão de caminhões de lixo a shows cheios de pirotecnia, a maneira como as roupas são apresentadas encanta. Na verdade, toda a parte de artística do longa impressiona. Assim como as roupas, a transformação de Estella em Cruella é cuidadosamente detalhada pelas escolhas de penteado. Desde o coque ruivo preso de maneira “comportada” ao volumoso corte icônico já muito conhecido por fãs de 101 Dálmatas.
É fato que a trilha sonora também é indispensável para a criação do tom do filme. Hits de bandas como Supertramp, Bee Gees, Queen e The Clash intercalam com as composições originais de Nicholas Britell. Por isso, eleva o peso de cada cena, seja uma simples conversa ou uma perseguição em alta velocidade.
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Conclusão:
Portanto, Cruella é bem mais divertido do que se esperava de mais uma reciclagem da Disney. Especialmente, por mostrar que há esperança para essas releituras que dominam o catálogo do estúdio. Com toda a certeza, é capaz de agradar até os mais céticos, o filme quebra qualquer expectativa ruim com barulho, beleza e carisma de sobra. Ou seja, uma nova fórmula entre respeitar o que já havia criado com o moderno.