“Quem vive com noventa e dois quilos pode viver bem com noventa e seis. Essa é a minha teoria. Na verdade começou a ser depois de certo ponto. Principalmente se você considerar o fato de que levei quase dezoito anos para entender que ser gorda não fazia de mim uma pessoa menos bonita,
menos interessante ou menos capaz. O que me tornava tudo isso era o fato de eu aceitar ser diminuída por conta do meu peso, ser conivente com toda essa palhaçada.”
Nina é uma mulher bem sucedida profissionalmente, está em Buenos Aires desfrutando de férias e, como todo bom chiklit, se curando de um coração partido. O fato de Nina estar viajando sozinha, de cara já fez com que ela ganhasse minha simpatia, pude enxergar claramente uma mulher forte e decidida, que não teme mudanças e principalmente, que sabe o que quer e o que não quer da vida.
Nina nos apresenta Buenos Aires, seus pontos turísticos, sua culinária, e confesso que no início da leitura, achei meio exagerada a quantidade de referências e o deslumbre da protagonista, mas à medida que me afeiçoava a ela, fui me apaixonando pelos lugares e deu até uma vontade de conhecer. Quanto à culinária, acho que por ser gorda assim como a Nina, comecei a entendê-la, afinal, comer é um dos maiores prazeres da vida, não é mesmo?
Numa noite de tango, Nina conhece Nícolas, o Nico, um homem gentil e doce, extremamente respeitoso, o que a princípio é assustador para ela, mas ambos decidem se jogar o numa jornada de conhecimento e descobertas. O relacionamento vai se consolidando aos poucos, e Nina percebe que as coisas estão um pouco fora de controle, mas nem sempre isso caracteriza algo ruim.
Os protagonistas são realmente apaixonantes, mas os personagens secundários acabam por tornar a história ainda mais especial. Marcela, melhor amiga de Nina, e Noah, irmão de Nico, são o tipo de pessoa que você quer manter por perto e que assim que aparecem, você passa a torcer para que suas histórias sejam felizes. Os quatro passam por poucas e boas ao longo do caminho, segredos são revelados, máscaras caem, intrigas são desmascaradas, verdades são ditas, bem estilo novela mexicana, mas tudo é conduzido de forma tão envolvente e na dosagem certa , que foi impossível não derramar lágrimas durante a leitura.
Poder Extra G é um livro altamente empoderador, mas que também transmite grandes lições de amor, amizade, resistência, companheirismo e, o que eu não esperava, uma lição de que vínculos são construídos, e isso não depende de laços sanguíneos.
O livro é nacional, o que me deixou ainda mais feliz, merece muito ser apreciado e trata de assuntos que a nossa sociedade precisa mesmo discutir. Recomento muito a leitura e minha nota para ele é 8.