Ao apresentar uma jornada engraçada e fofa, Interseção, de Vanessa Reis, é o livro perfeito para sair de uma ressaca literária. Aliás, a obra da Verus Editora veio cheio de bom humor e representatividade. Pois temos duas pessoas muito diferentes que tentam encontrar seu ponto em comum. Portanto, vamos falar mais de Interseção:
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A jornada de um casal que se irrita até se amar…
A jornada de Catarina, uma assistente social, começa quando ela está prestes a matar o seu colega, João Pedro da Silva, mais conhecido como JPS. Entre ataques verbais e implicâncias que destilam o ódio mortal que reina entre os dois, além da competitividade de quem entrega mais projetos, a relação de Catarina e JPS parece fadada a terminar em uma sala do Recursos Humanos. Porém, se não fosse por uma intervenção divina que os leva a trabalhar em um grande projeto juntos, do qual a teimosia e arrogância de ambos não permitirá que desistam. Mesmo que para isso eles precisem realmente trabalhar em sintonia, o que implica em conversar de verdade, muito além das farpas e acusações de incompetência que são proferidas e pairam entre o pequeno espaço que os separa. No entanto, aos poucos, isso vai mudando entre eles,
Personagens marcantes:
De fato, Catarina é o tipo de protagonista que toda comédia romântica merece. Se ela mesma é contra si, não sobra muita sabotagem para os outros fazerem com ela. Com a língua rápida, pronta para defender com unhas e dentes as muralhas ao redor dos seus sentimentos, ela é o suprassumo da cabeça dura e teimosia com quem é impossível não se identificar. Seja por como tem dificuldade em dar o braço a torcer ou como é leal aos amigos ou, ainda, pela insegurança de ser amada romanticamente.
Já JPS é o mocinho que toda leitora que ama idealizar o amor merece. Logo de cara somos levados a pensar “que chato implicante” apenas para poucas páginas depois, quando menos se espera, surgir o primeiro suspiro por uma fala doce ou gesto gentil. A partir disso, você, e a protagonista, são um caso perdido. Mesmo que, claro, nós admitamos muito mais rápido nossos sentimentos do que ela.
Sim, uma comédia romântica do jeito que a gente gosta!
Comédias românticas são um alimento para alma e nada melhor do que uma recheada de clichês como Interseção. Afinal, entrega todos os ingredientes necessários para fazer o leitor ser cativado desde a primeira página. Esse feito se deve muito a incrível escrita de Vanessa Reis, que cria um encanto com suas palavras. Do início ao fim, os personagens, o andamento da trama e cada frase são marcantes e únicos.
Mais do que isso, a maestria do senso de humor dos personagens, das situações e a naturalidade com que pensamentos e interações acontecem tornam a leitura incrivelmente deliciosa e fluída. Tudo isso para na página seguinte estarmos secando lágrimas do rosto ou de queixo caído, pegos de surpresa com uma reflexão que ressoa para além da história.
Uma representatividade natural:
É preciso destacar o modo que Vanessa constrói sua personagem principal que, assim como ela, é cadeirante. O livro, no entanto, não gira em torno disso e é extremamente satisfatório ler uma história em que a personagem tem o direito de ser quem é.E sem ser transformada em um elemento de representatividade, transitando pela história de forma confortável consigo, com nuances e personalidade tridimensional.
Quando falamos de representatividade, é preciso pensar além de preencher um espaço com minorias de forma rasa e apenas para conquistar um selo de politicamente correto. Também é necessário pensar no real objetivo e na necessidade de dar vozes às histórias daqueles que foram pouco ouvidos ao longo do tempo. Mas, principalmente, não apenas sobre suas dores e, sim, de todo o universo que existe em si.
Vale a pena ler Interseção?
No fim, Interseção proporciona muito ao leitor: risadas, lições, bons momentos, uma escrita que deixa marcas e um casal que nos faz acreditar que o amor é complicado. E relações são mais ainda, e humanos são complexos. Mas, quando se cruzam, se encontram, se unem em um ponto em comum, o destino de felizes para sempre é selado. Ou seja, embarcar nessa leitura marcante e exclusiva.