Após trazer ensinamentos importantes da infância e da fase adulta, a Pixar aborda mais sobre a pré-adolescência em “Red: Crescer é uma Fera”. Sendo que é terceiro filme que foca na identidade material de corpos dos seus protagonistas. Mas, neste caso, é uma metáfora fantasiosa para as as mudanças físicas como reflexo de algo biológico alinhado ao amadurecimento. Ainda mais conta com a representatividade e a inclusão social nos personagens. Dessa maneira, vamos falar mais do filme “Red: Crescer é uma Fera”:
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Descobrindo a “fera interna”:
É válido falar que poucos temas são tão universais na arte quanto o amadurecimento. As dores e confusões de crescer permeiam a ficção justamente por ser um assunto palpável. Sendo que pode alcançar o público em um nível pessoal. Dentro do filme “Red: Crescer é uma Fera”, temos uma sinceridade no assunto de maneira única e divertida. A transformação de Meilin em um panda vermelho como símbolo das mudanças sexuais e mentais singularizam bastante a experiência dos espectadores. Aliás, vemos a busca pela perfeição em ambiente familiar, desejos reprimidos e descobertas novas na vida sendo elementos de transição para a nova etapa. Tudo isso dentro de uma questão da ancestralidade na sua família sino-americana.
Além disso, apresenta uma abordagem mais “exterior”, que diz respeito a como colocamos para fora nossas aflições e pensamentos. E qual é a reação que elas provocam nas outras pessoas e como nos encontramos em meio a esse turbilhão de emoções. Decerto, a mudança é utilizada de forma esperta como centro de todas as tramas desenvolvidas até ali. Posteriormente, é aproveitada tanto para fortalecer os laços da garota com suas amigas quanto em levá-la a conhecer sua herança familiar.
Representatividade com abordagens diferentes:
Dirigido e escrito por cineastas com descendência asiática, o longa apresenta o cotidiano e a cultura da família com um olhar carinhoso e cuidadoso. As tradições, costumes e a rotina dos Lee dão tom à história com uma verdade que nunca vai para o viés exótico tão comum em produções norte-americanas. É perceptível que muito do que está em tela tem inspiração nas experiências reais das criadoras. Especialmente no que diz respeito às relações familiares. No entanto, é interessante entender as diferenças culturais, até como perspectiva única.
Para traduzir esse turbilhão de conceitos e inspirações, a produção conta com uma animação competente que equilibra as várias características apresentadas na história. Desde a ancestralidade até designs típicos dos anos 2000. Mesmo que seja novo, o visual passa longe de ser decepcionante e traz coesão que passa por corredores de escola, templos religiosos, palcos de show e até planos extramundanos. Sem contar que temos personagens extremamente cativantes e profundos. A personagem tem um grupo de amigas próximas que elevam ainda mais a importância dos dilemas principais. Mesmo sem ter histórias aprofundadas, suas características mais evidentes são suficientes para preenchermos as lacunas e entendermos, sem esforço, por que são tão importantes no contexto geral.
Conclusão:
Portanto, “Red: Crescer é uma Fera” é a fórmula mágica da Pixar em seu estado mais cristalino e que se comunica com o que há de mais íntimo e de mais universal ao mesmo tempo. Dessa forma, crianças e adultos já sabem que vão se envolver com a história. As nuances mais sutis do debate sobre as emoções requerem, claro, mais maturidade e vão ser capturadas pelos mais velhos. Mas o ritmo e o espírito alegre da animação têm tudo para prender a atenção dos pequenos com o “monstro” mais fofo dos últimos tempos. Por outro lado, a força do filme vem mesmo da importância da transformação nesta fase da vida. Também um olhar atento a como dialogar com a família as mudanças sociais por compreensões dos indivíduos cada vez mais dispostos a clamarem por lugares próprios.