É incrível como Guilhermo del Toro consegue criar mundos e personagens que nos deixam apaixonados e de boca aberta. Todos os seus trabalhos, e até ele mesmo, dispensam apresentações, afinal, como esquecer daquele grande fauno, com todos aqueles efeitos? Ou melhor, como esquecer o Hellboy? Impossível, não é? E A Forma da Água é mais um que entra para a lista.
A Forma da Água é quase um conto de fadas se fosse por tamanho ódio e maldade que existem durante o filme. A história se passa no período da Guerra Fria, por volta de 1960, em que militares americanos estão à procura de algo que supere os soviéticos. E a história começa a se desenrolar quando um ser estranho, meio humano meio peixe, chega na base militar para ser estudado. Mas no meio do caminho tinha uma faxineira muda que se apaixona pelo ser da água.
O filme é muito mais que uma história de amor, é uma história de todas as formas de amor. É aquela paixão e aquele complemento que sentimos nos outros apenas com um olhar. Podemos até dizer que é muito mais um filme para ser sentido que assistido, ele toca em quem assiste de forma tão singela e simples que a vontade que existe é de sair abraçando e procurando alguém para compartilhar esse sentimento.
Os personagens são muito bem desenvolvidos e se encaixam perfeitamente. Uma delas é Eliza Esposito (Sally Hawkins), a faxineira que trabalha na base secreta do governo dos Estados Unidos. Ela é muda e consegue transmitir pelo olhar todos os sentimentos, raiva, ódio, paixão, e tudo isso sem deixar sair um som. Mas outro personagem que cativa nossos corações é o velho Giles (Richard Jenkins). Ele só tem Eliza como amiga na sua vida, por esta razão ele faz de tudo para não magoá-la. Além do mais, Giles também é o narrador da história que apresenta a boa amiga como a “Princesa Muda”.
Agora o que falar de Doug Jones, que nos entrega outro ser maravilhosamente interpretado? Em vários momentos pensamos que é um ser computadorizado, mas mesmo assim é possível enxergar as características de Jones no homem anfíbio. Aliás, é impossível não reconhecer os trabalhos do ator, que caem como uma luva nele e que de certa forma parecem que são todos interligados, como por exemplo Abe Sapiens, em Hellboy, o Fauno e o Homem Palito, em O Labirinto do Fauno. Resumindo, se têm monstros nas histórias de Guilhermo del Toro, sem dúvidas Jones estará lá.
O filme é encantador, mas no início pode parecer algo meio lendo e parado. Na verdade, ele é a medida certa de tudo. O roteiro bem dirigido tem ritmos agitados e lentos a todo momento, ele consegue deixar quem assiste respirar, curtir e aproveitar cada momento da narrativa. Ah, e principalmente consegue construir muito bem a história.
A Forma da Agua é um filme mágico e encantador que agrada qualquer tipo de pessoa. É para todos os gostos. A grande mensagem talvez seja de que ninguém está complemente sozinho no mundo, todos nós temos alguém ou algo por que lutar.