
Trazendo o universo dos jogos de Terror,”Five Nights at Freddy’s” vem com os elementos principais em uma trama bastante profunda. Aliás, o longa vem com um terror dramático cheio de referências e contextos aos games. Mas, é bom? Por isso, vamos falar mais de “Five Nights at Freddy’s”:
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Assumindo um terror dramático:
Conhecida como uma das produtoras mais notórias no segmento de terror – e às vezes no drama – a Blumhouse tem se colocado para ser o principal selo de produções diversificadas do gênero. Agora, finalmente revela o resultado da adaptação inspirada nos jogos eletrônicos Five Night’s At Freddy’s, a qual assumiu depois de ser descartada pela Warner.
E se tem algo de alto nível na produção, é que é um filme consciente do que se perde na travessia do fim da inocência. Para além de serem muito convincentes, os diálogos dão o tom do que Five Nights at Freddy’s almeja em termos de dramaturgia, que é vivenciar um luto precoce da infância. Todo o conflito sugerido no filme envolve tirar isso do terreno dos sonhos e trazer para o plano do real.
Mas, a adaptação funciona?
Quem espera que essa adaptação ao cinema dos jogos dos bichinhos animatrônicos assombrados faça mais um terror de sustos na “casa maluca”, talvez se impacte com o fato de Five Nights at Freddy’s estar muito mais interessado nos seus personagens principais do que nas atrações da sua ambientação. Mike e Abby atravessam as provações com um tipo de elo dramático e transformativo. Ou seja, combater os terrores dos adultos recuperando da infância a capacidade algo sagrada de fabular, de materializar no mundo o que tratamos como exclusivo do onírico ou do sobrenatural.
Além disso, Five Nights at Freddy’s contrapõe imagens que formaram os pesadelos. A diretora Emma Tammi não precisa ter feito isso de propósito; são imagens de assombro que já transcenderam sua origem e agora constituem um imaginário coletivo que carregamos conosco. O que é consciente na encenação de Tammi é o reforço visual, a crença num tipo de hipnose que pode de fato tornar imagens realidade. É muito raro ver hoje em Hollywood um filme que se articula visualmente dessa forma.
No entanto, o projeto não está imune, pois ainda se desmancha em inconsistências de roteiro quando recorre às saídas que sua trama complicada impõe. Toda a presença funcional da policial Vanessa em cena só existe para que o suspense de abdução vire sobrenatural e depois volte a ser primeiramente um thriller de abdução no fim para amarrar suas pontas. É um esforço meio banal que só parece tirar o foco do que interessa, que é a resposta sensorial e emocional que Mike e Abby dão à existência dos animatrônicos vivos.
Vale a pena assistir Five Nights at Freddy’s?
No geral, o saldo é positivo, principalmente, por adaptar um universo tão grande como esse. Contudo, o longa parece mais bem situado na moldura que escolhe para si, bebendo no potencial do thriller psicológico para tratar seus pavores como uma coisa mais insidiosa, algo que leve consigo o poder da sugestão. Mesmo não sendo perfeito, é um bom caminho a ser trilhado quando falamos em trazer um jogo ao cinema.