Sabe quando você começa uma leitura e sente que essa será A LEITURA? Pois é, eu senti isso logo nas primeiras páginas de Não nasci para agradar, da autora Michelle Quach publicado pela editora Intrínseca. E agora vou contar um pouco mais desse livro que dividiu muito a opinião dos leitores.
O que acontece em Não nasci para agradar?
Eliza Quan não precisa que você goste dela. Ela se dedica mais que qualquer pessoa e não tem medo de expressar suas opiniões, e por isso é a candidata perfeita à editora-chefe do jornal da escola. Pelo menos até o ex-atleta Len DiMartile decidir, por um capricho, disputar o cargo. De repente, as vastas qualificações de Eliza são deixadas de lado, porque todos acreditam que Len — alto, lindo e um garoto — se parece mais com um líder, mesmo sem qualquer experiência.
Em meio a essa tensão, o diretor pede a Eliza e Len para trabalharem juntos no jornal, mas, conforme a dupla se conhece melhor, a jovem é confrontada por um terrível sentimento: será que ela está se apaixonando por seu rival, ou pior, pelo garoto que é a própria personificação do patriarcado?
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Uma história leve e apaixonante
Não nasci para agradar é uma comédia romântica que mistura discussões importantes de forma leve e com um humor bem afiado. Nesta história você encontra temas como, amizade, representatividade, influência dos pais na vida dos filhos e principalmente sobre o feminismo. Afinal, o que seria realmente a luta do feminismo na visão dos adolescentes?
Talvez a forma que Michelle abordou o tema feminismo tenha incomodado um pouco os leitores. Vi opiniões como se ela tivesse tratado como algo leviano, sem dar a devida importância, mas na minha humilde opinião os pontos que a autora levanta durante a história são bem pertinentes e traz bastante reflexão sobre como lidar com este assunto.
Quando falo que Não nasci para agradar é uma história apaixonante, não pense que é porque tem muito romance, até porque não é esse foco do livro. O romance de Eliza e Len fica em segundo plano, pois o que conta mesmo aqui é o desenvolvimento dos personagens e como eles vão amadurecendo ao longo da história. Além disso, é muito mais para o leitor conhecer todos os personagens do que ficar apenas focado em um casal.
Conheça os personagens que você amar odiar
Eliza realmente é uma personagem que no início você irá se incomodar com a personalidade. Porém, logo também no início você acaba se solidarizando com ela devido aos casos reais de machismo que ela passa a sofrer. Mesmo assim ela ainda é uma personagem impulsiva e até imatura, mas que ao longo da história ela vai amadurecendo e entendo o sentido real de tudo aquilo que ela movimentou.
Do outro lado da história temos Len, um jovem que teve que “se aposentar” da carreira de jogador de beisebol e se dedicar a qualquer outra coisa. Diferente de Eliza, Len é um rapaz que tem a personalidade um pouco mais calma e que não tem grandes objetivos na vida. Ele também é muito reflexo do que acontece na casa dele com os pais, de como a mãe impõem as coisas. Mas ele também acaba mudando visão dele sobre o rumo da vida. Entretanto, se prepare porque ele também vai te irritar com ele.
Se o assunto é personagens eu não poderia deixar de falar dos secundários que roubaram as cenas. Estou falando de Winona e Serena. As duas são bem diferentes uma da outra, mas que acabam se adorando por conta de toda revolução feminista que Eliza causa na escola. Eu amei acompanhar essa nova amizade.
Conclusão
Talvez o que mais amei neste livro foi a escrita da autora e todos os personagens serem não brancos. Temos personagens coreanos, japoneses, chineses, vietnamitas e por aí vai. Quem quer ler algo que fale mais sobre feminismo, talvez esse não seja o livro ideal e que vai até se decepcionar. Contudo, quem deseja uma leitura divertida e que traga um pouco de reflexão, que causa um desconforto em alguns momentos, Não nasci para agradar é o livro ideal.