Após muita expectativa, a nova versão de Cinderela já está disponível e temos que ressaltar algumas coisas do projeto. Em primeiro lugar, é fato que já foi a época em que contos de fadas eram apenas histórias de ninar. Todo ano, eles ganham novas interpretações, a fim de representar um novo tipo de princesa. Por isso, muitos questionam a relevância de Cinderela, por ser considerada ultrapassada. No entanto, algumas versões tentam apresentar elementos para deixar a história mais próxima da realidade. Com a ideia em mente, chegamos numa promessa de ter uma visão ousada da personagem, trazendo a cantora Camila Cabello no papel.
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Um leve e novo contexto a personagem:
Distribuída pelo Amazon Prime Video, a nova versão de Cinderela apresenta a mesma base narrativa. A jovem Ella é tratada como empregada pela madrasta, Vivian (Idina Menzel), e suas filhas. Até que a chance de mudar sua vida surge com uma ida ao baile do príncipe Robert (Nicholas Galitzine). Tudo isso com a ajuda da Fada Madrinha, que, aqui, ganha o nome de Fab G (Billy Porter). Outros elementos também estão por ali, como os ratinhos leais (e desnecessários) ou os sapatinhos mágicos. Porém, existe algo diferente nessa história.
O roteiro de Kay Cannon , que também dirige o musical, apresenta uma Ella mais independente, que faz piadas e foge dos padrões comportados de uma princesa. A garota quer ser uma estilista de sucesso, não procurar (e depender de) um marido. Inclusive, muitas características típicas da história são desconstruídas para se adequar à tal nova versão. Apesar de não ser a melhor atriz, Camila Cabello funciona como protagonista e encara bem as novas qualidades da personagem.
Humanidade e um pouco de modernidade:
Outra característica que prova que Kay Cannon apresenta e funciona é atualizar o conto de fadas original de maneira esperta. Ou seja, humanizando os seus personagens e conectando-os através de temas contemporâneos e um bom humor afiado. Além da trama da protagonista, o príncipe Robert é um rapaz rebelde sem interesse algum em herdar a coroa do pai. Ao contrário de sua irmã, a princesa Gwen, cheia de ideias progressistas para melhorar a administração do reino. Por isso, o roteiro costura esses e outros personagens com habilidade, abrindo espaço para subtramas que nunca parecem ser negligenciadas em favor do romance central. Nem preciso falar de Billy Potter, que está bem legal no papel.
Nem tudo é lindo e maravilhoso:
A partir desse paragrafo, são os motivos nos quais o filme não se salva totalmente. Ás vezes, o próprio texto se confunde com as regras estabelecidas pela história. Incluindo que tem uma intensa necessidade de inserir o máximo de easter-eggs possíveis. Tentar equilibrar entre o antigo e novo pode ser uma tarefa complicada, se for não for bem estruturado e organizado. E neste caso, foi um avalanche de informações que podem ser extremamente confusas ao acompanhar o longa.
Quanto as musicas:
Agora, vem a parte mais complicada e que prejudicou muito a produção. A seleção de músicas não possui nenhum número tão cativante, daqueles que deixam o espectador cantarolando por por dias. Talvez a canção que chega ser a “melhorzinha” seria “Million to One”, coescrita e interpretada por Cabello. Porém, reprisar a canção inúmeras vezes é quase que preencher um espaço vazio, somente por ser um pouco tocante ao público.
Contudo, nada supera as demais canções da obra. Culminando em uma versão lamentável de “Let’s Get Loud” (de Jennifer Lopez), o filme raramente encontra ressonância e coerência narrativa. Do cover de “Somebody to Love” (do Queen) entoado pelo príncipe à enésima interpretação equivocada de “Material Girl” (de Madonna) pela madrasta. Da mesma forma que não tem sentido ter canções aleatórias no qual os personagens não têm nenhum motivo real para sair cantando por aí.
Conclusão:
Por mais que não seja um filme bom, temos que admitir que foi uma tentativa diferenciada de recontar a história da Gata borralheira. Embora não tenha muita oportunidade de mostrar suas verdadeiras habilidades de atuação no filme, a estrela do novo Cinderela contribui com a composição mais genuinamente tocante. Porém, mesmo que tenham elementos interessantes, o resultado só vai para lista das inúmeras versões do conto de fadas.